quarta-feira, 11 de julho de 2012

Need you

“(…) É então, que a fragilidade vitral do teu corpo inseguro caí no chão e despedaça-se em vagos pedaços de carência faminta, aquando eu me fragmento na mais disforme forma de vida. Relevo-me à categoria monstruosa de não ter nome, pois dera-te a ti todo o meu ser, tudo o que eu poderei ser chamado eras apenas tu que podias chamar e era apenas a ti que respondia. Deixo para trás a olhar humano, pois jamais poderei olhar nos teus olhos e ver-me como só tu me vias. (…) Expulso a emoção de mim, pois sem ti não a tenho, sem ti não a quero ter. (...) Tento alcançar-te, tento reconstruir-te. Porém, quando algo é destruído jamais plenamente o será reconstruído. (…)”

Pouco me interessava as consequências do acto em si, desmedido, impulsivo ou mesmo erotizado pela necessidade de carência corporal que só tu despertavas em mim. Apenas me interessava a tua pessoa, projectada ao meu lado pela luz cintilante do sol que se entrecruzava com a plenitude intocável, inarrável e inimaginável do céu solene. Algures num horizonte longínquo (in)temporalizado pela instabilidade fragilizada do instante momentâneo, o  Sol ponha-se, murmurando as suas infâmias e pecados mortais ao vento, que percorria-o pensadoramente, reflectindo-se numa áurea translúcida que nos acarinhava a face ao de leve
 Sob este cenário edénico, estavas tu. Percorrendo o horizonte celeste com a ingenuidade do teu olhar e a candura infantil da tua face inocente, causavas-me, lenta e precocemente um frenesim de sentimentos puros. Direi puramente impuros. Despertados pelo desejo insano que a tua presença me causava, pela necessidade indescritível que o meu corpo tinha pelo teu, pela beleza que só tua, era para mim a única beleza digna de tal nome.
 Distinguias-te na hostilidade rochosa que nos carecia o espaço para conciliar-nos amorosamente, reflectindo o teu olhar líquido pela plenitude do tempo, perdido na tua própria mente, na tua própria e fatídica realidade de ti mesmo. Fora assim, na vibrante instância de querer sentir-te pertencente à minha pessoa, na aconchegante tentativa de possuir o teu corpo como meu, no inóspito sentimento de projectar-te num sempre e não num agora, coloquei todo o teu corpo engenhosamente esculpido juntinho a mim. Caído nos meus braços, decaído sobre mim, enquanto as nossas mãos se entrelaçavam e os meus lábios te beijavam a testa, as maçãs de rosto, as sobrancelhas, o nariz, o queixo e o resto da tua face que, ainda hoje está tão viva nas minhas memórias, ainda hoje desperta em mim os mesmos sentimentos constantes. Orgulho-me de dizer, que os nossos corpos se tornaram um, os nossos lábios deixaram de existir quando nos beijámos pela primeira vez. A insípida existência individual de cada um, tornou-se completa aquando os dois se tornaram num só afecto, num só momento e sentimento.
 Hoje, sentado aqui nas brumas arenosas, com o mar como ponto de fuga tento esconder todo o sentimento avassalador que tenho e tive por ti nestas palavras, desremediado no meio desta prosa que de verdadeira poesia tem tão pouco. Mas a verdade, a insólita realidade do meu ser, é que já não consigo. As palavras não são suficientes para descrever a mágoa penosa que me infesta o corpo, e a congruência existencial! Se queres ouvir a verdade, se estivesses aqui para me ouvir dir-te-ia que a dor é demasiado grande para suportar sozinho, que a tua presença é o que, ao longo dos dias mais tenho desejado, que todas as noites é no teu nome que tenho pensado e os meus sonhos que tens protagonizado! És tu quem eu quero, somente tu. E eu!? Bem, talvez seja fraco, talvez e de facto, o seja. Depois de tudo isto deveria talvez não mais dirigir-te a palavra, e sinceramente é isso que quero fazer, que sinto ser o justo e o correcto! Porém, o sentimento que nutro por ti, o sentimento que fizeste (re)nascer em mim é tão grandioso. Cada vez que o tento matar, é mais um pouco de mim que morre. Cada segundo é mais uma batalha imiscuída no seio da minha emocionalidade! Cada minuto desprovido da tua pessoa é mais um minuto falhado! Cada hora, cada dia sem ti é uma mágoa de consolação inalcançável. Lembro-me, talvez com mais forte memória que tu, do dia em que, quando te abraçava e te acariciava os cabelos te disse “nunca te deixarei”.