Todos os blogs morrem, este teria que morrer também, ou terá. Não agora, presumo.
Durante estes anos que não escrevo, tenho aprendido, e isso deixa-me contente. Nunca aprendo tanto quanto quero, mas também tenho aprendido a conviver melhor com isso. Com a insatisfação. É provável que enquanto cá estiver, ela continue. Mas também é provável que um dia acabe, quando acabar a ambição.
Tenho feito, o que também é importante. Mas sinto sempre que poderia fazer mais. Ironia (ou paradoxo?). Talvez, faça pouco. A verdade. Talvez haja proposições cuja verdade é sempre relativa. Mas nunca gostei do relativismo. Demasiado popular. Elitismo.
Talvez, sim, seja elitista. Não em termos económicos, seria impossível. Mas intelectuais. No entanto, não será o elitismo intelectual tão corrosivo como o económico?
Relações. Esta relação de relações não foi, contudo, inocente. (não me apetece falar disto, não posso, é normativo!)
Tenho de começar a escrever mais, talvez seja mesmo catártico. Reparei agora que utilizo demasiado o advérbio "talvez". Um psicanalista barato certamente diria que revela insegurança. Talvez revele. Mas talvez não. Fora de brincadeiras, julgo que não, honestamente. Outro psicanalista barato diria que o honestamente indica mentira. Um filósofo certamente diria que esta análise é, à partida, enviesada. O poeta diria que enviesado já não é tão rítmico; concordaria com ele. Gosto de poetas, parecem ser livres mas é uma visão externa também ela própria "enviesada" (biased, prefiro), acredito que nenhum poeta se consiga sentir verdadeiramente livre. A verdade, de novo?
Os livres nunca se consideram livres. É essa incapacidade, impossibilidade, de auto-análise fora de uma visão que não surja condicionada por um sujeito desde logo, a priori.
Saudades de escrever, parece ser ... libertador? Parece, as aparências retomam o problema das representações. Representação. Todo este texto o é. E nós? Representamos o quê? Talvez a questão não faça sentido, demasiado forçada, nós não temos que representar, só os nossos juízos.
A minha escrita parece ter mudado. Mas não. Há elementos comuns, diria o estudioso da literatura. Repare-se, contudo, que este não é poeta. Embora possa ser, caso o queira. Então, é e não é? O princípio do terceiro excluído ameaçado? As metáforas não têm força contra a lógica, foi só possibilidade - potencialidade aristotélica que não alcança a matéria. Culto?
Nem por isso. Gostava de ser mais.
Os problemas clássicos continuam, juntamente com as neuroses humanas. Parece haver uma condição, uma natureza, uma força comum: "o humano".
Ainda bem que descobri outra paixão: os
RETOMO a tese: "ainda bem que descobri outra paixão". Uns dias sinto-me frustrado por não conseguir dedicar-me apenas à filosofia (não é que isso fosse somente possível), mas noutros sinto-me sortudo por não correr o risco de a filosofia me deixar obcecado por ela. (mentes fracas, corações fracos, unidos).
Obsessão? Outra neurose clássica [ferida -> trauma]
Respondo, contudo, aos psicanalistas baratos, porque é que utilizo o talvez. Talvez, seja uma redundância (utilizar [tanto!] o próprio talvez), porque há uma evidência da falibilidade em todas as proposições (menos as matemáticas, TALVEZ). É essa falibilidade que tão fatalmente faz surgir o talvez. Daí que, similarmente, o talvez também seja redundante: tudo é talvez.
Um céptico, é verdade - com p -.