sexta-feira, 6 de janeiro de 2012

Oásis


Lembrou-se-lhe o esquecimento, inesquecível por Natureza. Ostentando a mágoa envidraçada no intrínseco e a nostalgia demarcada no imiscível, assim lhe sorria a lembrança, esquecida pela memória e memorizada pela delatada amnésia. Deitado na cama, evidenciando a minha condição de ser racionalmente pensante, voava em direcção ao Oásis do conhecimento, desbravando a amazónia de ilusões que, na verdade o Oásis o era, atravessando a pureza do lago da cognição, escavado no insolado deserto do meu néocortex, envolto em exíguos grãos de areia perdidos na poeira do tempo. Amenizada pelo terrífico calor, a busca desesperante pelo tal oásis ilusório localizado no meio do deserto, ou melhor, a busca insana pelo tal pseudoconhecimento localizado no mais profundo do meu néocortex cerebral acabava sempre por se frustrar acima de todas as minhas já, previsíveis frustrações. Era assim que acabava por me rever, em mais um viajante frustrado na bravia procura do conhecimento, nomeadamente o conhecimento que nos permite derrotar o desconhecido, ou será, apenas a procura pelo conhecimento de saber que se é conhecedor (?) mas não será uma atitude desnudada e de certa forma, rude e pouco inteligente, dizermo-nos conhecedores de um conhecimento que está em constante mudança!? Sendo o conhecimento tão certo como a metafísica ou a realidade existencial, não será erróneo afirmar-nos possuidores de algo que na verdade, só existe num sistema tão imaterialmente ilusório como o do nosso consciente!? Pois bem, conquanto a existência me permitir, continuarei a busca pelo conhecimento supremo, se bem que, embora o queira procurar, nunca o quererei encontrar.