quinta-feira, 8 de dezembro de 2011

Water


Oscilava entre um simples múrmuro confiante e um complexo grito de desconfiança. O som, preso pelas correntes agoirentas que se imponham acima da força do Homem, continuava a agir perante a sua revolta silenciosa, uma revolta manifestada em movimentos tão pouco analíticos e racionais, paralisados na racionalidade do Homem comum. Ainda assim continuavam a encher a maré, com o seu toque fugaz de poder, soerguiam-se para lá dos limites – direi, limites ilimitados – e na pureza sensacional do acto, banhavam toda uma cidade. O que eras tu!? Senão, água!? Água dispersa no além do nosso tão reduto olhar. E então, água, continua o teu recontar de mágoas tão ironicamente molhadas em lágrimas incontroláveis. Caminha comigo, de mãos dadas, pelo vazio do inacabado, alcançado o inalcançável. Imploro-te, não pares, o teu refugar de movimentos tão perfeitamente imperfeitos, orienta-me o caminho aonde jamais poderei caminhar, subleva-me à normalidade, ou direi anormalidade!? Continua, a tua demanda por esse Mundo fora, corre pela imensidão, tua pertencente por direito, não fujas ao infalível, reergue-te a mim, a nós, a ti própria, mas fá-lo com passividade, soerguendo-te acima das cicatrizes incrustadas ao mais puro dos Homens. Porém, aprende. Aprende a falar no silêncio, e a divagar no infinito, aprende a seres a gota indirigível, aprende a importares-te demasiado aquando não te importas minimamente. Aprende a aprender, aprende a marginalizar o que não merece ser marginalizado, aprende a amar o odiável e a odiar o amável, aprende que há coisas que não deves aprender. No trespassar de uma espada, aprende a dor, memoriza-a, marca-a, para conseguires reflecti-la sobre o guerreiro que a causou, mas aprende que ainda assim o outrem também é guerreiro. Aprende as leis da subjectividade e usa-a para venceres as adversidades da exactidão, aprende a traduzir o que não deve ser falado, aprende o poder da convicção e do consciente individual. Mas por favor, não aprendas a deixar de ser água, quando o deixares de ser, deixas de aprender.