terça-feira, 27 de setembro de 2011

Sabes pensar!?

1. Imagine que um dia alguém se aproxima de si na rua e em vez de lhe perguntar educadamente as horas ou aonde é que fica a rua “tal”, lhe pergunte apenas: “Importa-se de me dizer se sabe pensar!?” Descreva da forma mais completa possível como reagiria se, se encontrasse nesta situação e como responderia à questão que lhe foi colocada.

    Há um nº interminável de situações aonde nós – seres membros de uma sociedade cheia de éticas surdas – reagimos por mero impulso, na realidade a maioria de nós leva a vida contextualizada de uma forma demasiado homogénea, hostilizando o “diferente”. Temos muito em conta as regras silenciosas que a tão sádica Sociedade nos impõe, Sociedade essa que não passa de um simples reflexo daquilo a que a maioria de nós apelida de “normal”. Mas afinal de contas o que é o “normal”!?
   Como poderemos designar algo de “normal” se vivemos num Mundo aonde cada um age pela sua própria educação, genética, religião, filosofia de vida, forma individual de pensar, motivações, objectivos ou mesmo cultura social do sítio aonde vive!? Segundo esta conclusão podemos facilmente idealizar um Mundo heterogéneo aonde há varias realidades dentro de uma mentalidade e várias mentalidades dentro de uma realidade, no entanto será que isto corresponde à incomensurável realidade!? Penso sim que vivemos num Mundo – ou Sociedade – aonde todos julgam ter o dever de julgar o outro sem ter a mínima noção das bases do pilar que esse indivíduo é hoje, isto é, conjecturas dentro das quais nos encerramos como avaliadores de um só critério: as supostas “aparências”!
   Quanto à situação indicada, reagiria primeiro pelo tal impulso que referi em 1ºlugar, uma projecção daquilo a que a realidade considera social e eticamente “normal, interrogaria o tal senhor ou senhora de não ter entendido bem a pergunta portanto entoaria um “Desculpe!?” se o senhor insistisse na pergunta e se a projecção “sócio-ética” do normal ou anormal já se tivesse materializado para dentro do meu subconsciente, então diria: “O meu pensamento é comandado pela minha própria existência e creio, que de facto a minha existência é tudo menos igual à sua. Eu sou o resultado consciente da minha própria experiência e consequente existência, eu penso da maneira que a vida me ensinou a pensar, da maneira como as minhas memórias falam, como a racionalidade sussurra e infelizmente também penso o que a Sociedade me grita. Portanto, à questão “Você sabe pensar!?” Eu responderia “Não, eu não sei pensar da mesma maneira que a sua portanto para si eu realmente não sei pensar.” Ainda assim, de um modo extremamente exequível, pessoal e imutável enquanto a minha existência o permitir, o conhecimento de pensar ou como pensar nunca se irá dissipar. Acima de tudo, o que posso tirar deste exercício e o que posso concluir é que em 10 pessoas todas pensam de 10001 maneiras diferentes – e em muitos dos casos maneiras completamente opostas – por isso como saberemos quem sabe ou não sabe pensar dentro da nossa perspectiva tão diminuta de “pensar”!? Bem, posto isto de parte conquanto não sejamos todos robots iguais e absolutamente ridículos então nenhum de nós sabe pensar, além de nós próprios.

“Eu sou o resultado (in) consciente da minha própria experiência”
Almeida Negreiros