sábado, 20 de agosto de 2011

Just another sensation




Foi então que a senti. Uma sensação tormentosa de todo o espaço ao meu redor estar a ser brutalizado. Em pequenas fracções de segundo o tempo ia-se despedaçando à minha volta. Na verdade sentia que tudo aquilo não passava de uma projecção ilusória da minha psicose. A sensação continuava a afligir-me o peito ao de leve. Não como uma dor significante mas como um palpitar de pequenas dimensões. Percorria-me todo o corpo fazendo-me tremer de inquietude. Sentia-me preso num cubo similar a um presídio. Sustive a respiração e mergulhei. O embate da água gélida no meu corpo fez com que as minhas braçadas se movimentassem mais rapidamente. De imediato senti a ponta aguçada da rocha a delinear um corte profundo sob a minha omoplata. Grunhi de dor aquando o sangue surgia na superfície da água. O brasão provocado pela dor foi o suficiente para ir ao fundo. Caíndo no príncipio de um infinito inacabado enquanto a minha inaptidão distinguia os pulmões a tentarem repelir a água. Acordo! O sonho de um estado de alma, o cinzento do antes, a luz do depois, a felicidade como um mergulho: efémero, não permanente, controlado pela necessidade de respirar, como a felicidade é controlada pela nossa necessidade de esperar e desesperar. Assim é aquele mergulho, um pequeno e curto momento de felicidade, sempre seguido de longos momentos de espera, espera por aquele oxigénio que tanto nos dá a vida, como nos envelhece!